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UM PAPO COM BAKKARI MENSAH

Atualizado: 26 de abr. de 2021

O MC cearense BAKKARI Mensah, conhecido musicalmente pelo seu primeiro nome artístico, de nome de batismo Franklin Machado, é um artista repleto de ideias, carisma e talento, além de suas referências ao futebol, sua cidade natal Fortaleza, aos amores, antepassados e família. BAKKARI também busca representar estes valores em gêneros como Rap e R&B. Portanto, um potencial não somente a estes estilos musicais, mas na música brasileira em geral. Confira abaixo a entrevista realizada por Leonardo Pacheco.


Arte por: Victor Aguiar
BAKKARI, arte de Victor Aguiar. Foto sem edição: Nary Gomes

SUSPEITO: Por que este nome artístico?


BAKKARI: BAKKARI é "o que irá vencer/triunfar", enquanto que Mensah é "o terceiro filho", é de origem da língua Suaíli. No geral, eu curto muito ler sobre a cultura africana, aí vendo um livro, tipo aqueles pra escolher nome de criança, e acabei escolhendo como nome artístico.


SUSPEITO: Quando e como você começou a escrever e cantar?


BAKKARI: Cantar eu já faço a um bom tempo na real. Desde antes de lançar as músicas autorais, eu fiz parte de uma banda de rock gospel e cantava algumas coisas lá. A partir disso, eu via muita gente ao meu redor que compunha: meu irmão que já foi rapper, meu tio também e o líder da banda que fazia algumas autorais também.


Eu curtia ouvir umas paradas mais puxadas pro rap como Kanye West, Jay-Z, Nas, Lil' Wayne, fui me adaptando a essa pegada de escrita. Em meio a isso, meu primeiro som que gravei foi em 2014, se não me engano... Foram algumas faixas que já não existem online, mas que foram importantes pro meu corre.

SUSPEITO: E quanto aos shows? Quando que você começou a se apresentar em palco com o microfone na mão e viu que seria uma boa investir na carreira?


BAKKARI: Nessa época que lancei a primeira faixa, o cara que me cedeu o espaço de gravar, já tinha um corre gerando e foi quando começou surgir uns eventos de “Pocket Show”, com umas 4 faixas. Se não me engano, a primeira vez de um “pocket” meu foi no bar Fun 4 You, que era onde aconteciam a maioria desses eventos. De início eu estava bem indeciso, na real, fazia mais por hobbie, com o passar do tempo e vendo minha melhora musical, eu vi ter potencial pra levantar a galera de verdade e criar um show, porque do “Pocket” pro Show são grandes variáveis, tá ligado? O “Pocket” é algo bem mais intimista, onde a galera não interage tanto. Então quando tive nos shows junto com o grupo do meu amigo, vi como era realmente estar ali e fazer da melhor forma.

SUSPEITO: Vejo que em alguma de suas letras você fala sobre Fortaleza e utiliza gírias daí também. Como que é a relação do seu Rap com Fortaleza e a visibilidade dele em relação ao Brasil? Visto que você tem letras como a "Forasteiro" falando sobre a xenofobia neste meio.


BAKKARI: Acho que minha relação com a cidade é praticamente inevitável de não acontecer. Nasci e cresci no mesmo bairro com os mesmos caras e vendo o mesmo corre de sempre. É como se o lugar fosse eu e eu fosse o lugar. Não existe muito uma divisão entre meu som e a cidade.

 Foto sem edição: Nary Gomes

Apesar de eu não fazer sons com ritmos populares daqui, acabo sendo diretamente influenciado pelo todo: o reggae dos pivete na esquina; o forró de favela nas casas; o brega nos bares; o calor humano que as pessoas daqui tanto tem. E isso é o pontapé pra eu ser diferente lá fora, ou seja, nacionalmente. Até parafraseando “Forasteiro”, onde eu inicio com "disseram progresso é sair dessa terra, tô pondo meu som pra tocar na Inglaterra", é a quebra dessa barreira onde acham desde sempre que o nordeste só tem futuro se for pra SP mendigar trampo e ser empregado de pseudo-burguês, sintera?


SUSPEITO: Sobre outros estilos musicais, os seus sons não se prendem muito a um gênero só, vejo que no R&B você acaba abordando algo bem íntimo, principalmente sobre paixão e amor de família. Como foi a sua relação na música com outros temas que não sobre aspectos da vida externa, como, por exemplo, o futebol, mas de relacionamentos?


BAKKARI: Eu, de início, não gostava de músicas assim, eu sou alguém bem fechado nessa parte da minha vida, então acabo por não falar muito sobre, mas em certo momento eu vi muitos rappers que tinham esse lado parecido com o meu mas faziam uns sons pra liberar essa “energia” também. Justamente esse fato de não se prender, sintera? Daí fui arriscando essa vibe do R&B, inclusive tinha outras faixas de um antigo trabalho, mas que já não existem disponíveis. Acho que essas últimas que lancei foram as que mais me representam fielmente, por ter maturidade nas letras e não ser só algo jogado ao vento de forma aleatória. Gosto de sentir que tem algo ali. Até ultimamente não tenho lançado faixas assim, mas pretendo soltar novas em breve.


SUSPEITO: Recentemente em um RT de um tweet onde você divulgava o seu trabalho, o seu conterrâneo Don L, ja consolidado na cena, elogiou o som "PUSKAS". Qual foi a importância disso?"



BAKKARI: É sempre um adianto ser citado pelos cara que tem moral na cena, mete fé? Poucos dias antes, a gente foi citado no canal do Ferrez que também é algo respeitado nacionalmente, dá uma sensação de que o cara não deve desistir realmente, de estar mais perto de virar pro lado de cá, mas mantendo o foco pra não se cegar, não achar que o jogo tá ganho por terem citado nosso corre.

SUSPEITO: Quais são suas pretensões futuras na cena? Tem alguma novidade?


BAKKARI: O que posso te passar nesse momento são sobre o que já temos mais adiantados. Temos um clipe chamado "Diamantes", que o nome sugere ser um trap daqueles genéricos sobre grana, né? Mas, na real, é uma música em homenagem aos amigos que perdi durante a vida. Nessa faixa também falo sobre a importância da família pra que eu não tenha entrado no crime, e sobre ambição que é o encadeia os temas citados ai...

BAKKARI - Acayu
Foto: Nary Gomes

Tem também a faixa "ZAREA" - já nesse estilo que venho trabalhando - que é uma faixa que traz a linguagem de Fortaleza e fala diretamente sobre a violência no meu bairro, possivelmente vai sair com clipe e já estamos trabalhando nessa ideia. Também tenho mais duas faixas com possíveis clipes, uma delas é "instinto selvagem", que é um Afrobeat em que eu volto a falar dessas relações amorosas já com uma vibe diferente, com influência de sons nigerianos e ganeses, e, por último, tem "Imperador", que é um Afrobeat também, mas que nela faço a alusão da minha vida com a imagem do Adriano Imperador: A queda, ascensão e dilemas.



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