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A MAIOR LUTA DE MUHAMMAD ALI

Atualizado: 23 de abr. de 2021

28 de abril de 1967. Neste ano a população negra nos EUA era de aproximadamente 11%. Ainda assim, eram 16.3% do Exército e 23% das tropas de combate na Guerra do Vietnã. Nessa data, o maior boxeador peso-pesado de todos os tempos se recusa a se alistar no Exército estadunidense e a matar pessoas em solo estrangeiro no Vietnã, começando o que viria a ser a maior luta de sua carreira: uma luta contra uma guerra injusta e contra a Justiça americana.

“Minha consciência jamais me deixaria ir atirar no meu irmão, em pessoas de pele escura ou em um pobre povo faminto na lama pelo “grandioso” Estados Unidos da América”, falava Ali em uma de suas famosas entrevistas.


Sua fé no islamismo teve um grande papel nessa luta, sentia a opressão de ser um muçulmano na américa, sempre assumindo que o islamismo salvou sua vida e o ensinava sobre suas origens. Muhammad Ali, desde a época em que seu nome era Cassius, já manifestava interesse no Islã, comparecendo a encontros escondido da mídia. Em 1962, ele e Malcolm X se reuniram no hotel Hampton House, onde haviam se hospedado, e, a partir desse encontro, ocorre uma ruptura. Cassius Clay se torna Muhammad Ali em 1964, um ativista que incomodava a imprensa e o “American Way of Life”.


Com 25 anos, Ali se negou a ir para o Vietnã; oficialmente, por motivos religiosos. Como homem que sentia a opressão estadunidense, sentia também que não poderia ir para solo estrangeiro fazer o mesmo que fizeram com suas raízes. Se apresentou na unidade do Exército em Houston e, das três vezes que seu nome foi chamado, se recusou a dar o passo à frente.


Em 20 de junho de 1967 foi condenado a cinco anos de prisão por se recusar a matar pessoas inocentes numa terra que não o pertencia. Teve todos seus cinturões de campeão mundial retirados, foi proibido de lutar em solo americano e teve negada sua permissão para viajar para solo estrangeiro. Foram 3 anos em que a luta de Muhammad Ali se tornava apenas contra o imperialismo, longe das luvas e cordas.


“Atirar neles para que? Eles nunca me chamaram de crioulo, nunca me lincharam, nunca colocaram cão algum para cima de mim, não roubaram minha nacionalidade nem estupraram e mataram minha mãe e pai... Atirar neles para que? Como eu poderia atirar nessas pobres pessoas? Apenas me levem para a cadeia.”


Ali, neste período ausente dos ringues, travou sua maior luta, palestrando e recebendo convites de inúmeras universidades. Seu legado foi muito maior do que nocautes fortes e esquivas bruscas, seu legado foi o de um homem que se recusou a lutar por um país que matava homens iguais a ele, que ceifava países de terceiro mundo, mandava bombas em nome da “liberdade” para outros continentes e homens para morrer em prol do triunfo imperialista.


“Não vou viajar 10.000 milhas de distância da minha casa para ajudar a assassinar e queimar outra nação pobre para simplesmente continuar a dominação de brancos senhores de escravos pelo mundo inteiro. Esse é o dia em que uma maldade dessas deve chegar ao fim”.

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