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A INFLUÊNCIA DA INDEPENDÊNCIA ARGELINA NA SELEÇÃO FRANCESA

Atualizado: 9 de jun. de 2022



Arte de Fresh Gvbs


No século XIX, com o enfraquecimento do Império Otomano e ascensão do imperialismo europeu, a França começava a investida na dominação de territórios, principalmente os localizados no continente africano. Em 1830, as autoridades francesas deram início a ocupação militar da Argélia e, nesse período, parte da população Berbere (nativa) foi morta. Diante dessa situação, o império francês incentivou o povoamento da colônia por parte dos seus cidadãos. Sendo assim, a França via a Argélia não como uma colônia, mas sim como uma extensão territorial (tal como na Guiana Francesa).


Tendo em vista esse processo, consolidava-se ali uma segregação por parte do grupo de colonos chamados pied-noirs (pés pretos), formado em grande parte por cristãos e judeus, que se beneficiavam de privilégios do império e direitos políticos. E, do outro lado, localizavam-se a maioria nativa Berbere, árabe e muçulmana, que anteriormente, tiveram suas terras tomadas pelos colonos.


A resistência a barbárie francesa foi constante e árdua durante o século XVIII, porém, foi apenas em 1954, após vários ataques simultâneos às forças militares francesas e a emissão de um manifesto para toda a população argelina, que foi reivindicada a independência da Argélia. O império Francês reagiu de forma violenta aos levantes com torturas e prisões arbitrárias. Contudo, em 1962, pressionado pela revolução popular e pela opinião internacional, o Presidente Francês Charles de Gaulle convocou um plebiscito que resultou na independência da Argélia. No mesmo ano, foi criada uma lei que permitia que todo argelino nascido até 1962 e seus filhos nascidos até 1994 fossem considerados cidadãos franceses. Durante esse período de guerra e pós guerra, ocorreu de forma massiva o fluxo migratório de argelinos para a França, buscando fugir do conflito e melhores condições de vida.


Mas, o que isso tem a ver com a Seleção Francesa de Futebol? Bom, esse é o caso de um franco-argelino chamado Zinédine Yazid Zidane, ou como é mais conhecido, Zidane. Filho de pais Argelinos, Zidane nasceu em Marselha no dia 23 de junho de 1972 e é considerado por muitos o melhor meio campista da história do futebol. Com um estilo magnífico de jogar, Zinédine Yazid Zidane era a definição de elegância em campo e conquistou, pela França, a Copa do Mundo de 1998 em uma vitória de 3 a 0 contra o Brasil, além de vários outros títulos e momentos icônicos que ficaram para a história do esporte mundial.


Karim Benzema, atacante do Real Madrid, que está voltando às atividades pela Seleção, também faz parte do processo de formação da seleção francesa como potência mundial do futebol, tendo como base imigrantes e descendentes diretos de imigrantes. Atualmente 10% da população francesa é do norte da África e dentre estes, 7% são muçulmanos.


Por mais decorrente que jogadores de descendência não europeia conquistem o sucesso nas seleções da UEFA, o preconceito ainda é algo presente diariamente na vida desses atletas, o que, particularmente, não é de grande importância para a FIFA e para a UEFA, que pouco mobilizam-se para fazer ações contra o racismo, xenofobia e intolerância religiosa nos estádios. Benzema afirma:

Quando eu marco sou francês, quando não, sou árabe”.

Referências:

Instituto de Cultura Árabe: Independentes mas ainda não livres.

Nerdologia: Guerra da Argélia.



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