O documentário Le Jardin acompanha as vivências do time sub-19 do Paris Saint Germain e a formação dos jovens dentro e fora dos campos.
Não é novidade que o futebol pode (e deve) ser instrumento de formação de muitos jovens das periferias do mundo todo. O clichê amplamente replicado do sonho de ser jogador de futebol é realidade em bairros pobres e às vezes a única chance de ascensão social e conquista de um melhor status na sociedade que não precise passar pelo crime e pela violência.
É admirável a estrutura que esses garotos da base do PSG recebem. O curta nos mostra como o futebol não deve ser dissociado da educação formal. Aqui não cabem os clichês de jogador de futebol “burro”, os garotos são cultos, estudiosos e entendem a importância da boa educação que recebem do clube. O PSG garante que os garotos continuem seus estudos e tenham um acompanhamento com orientadores dentro do clube. O mercado do futebol é um dos mais disputados e infelizmente não há espaço para todos conquistarem o sonho e aqueles que não alcançam o time principal devem receber outras boas oportunidades na vida.
A pressão, as dificuldades e as lutas desses jovens não são muito diferentes da realidade brasileira. Exceto que aqui as coisas normalmente seriam mais difíceis que num país de "primeiro mundo”, como a França. O incentivo à categoria de base no Brasil infelizmente deixa a desejar se compararmos a outros lugares no mundo.
Há de se notar que a grande maioria dos jovens são negros descendentes de imigrantes africanos crescendo numa França que a cada dia mais volta (se algum dia deixou de ser) a ser hostil com essa camada da sua população, a medida que crescem os movimentos de extrema-direita dentro e fora da política partidária nacional.
“Quando você veste o escudo (do time), você passa uma imagem.
É uma imagem importante para representar, não é besteira. Como a gente diz, nós não somos como as outras pessoas da nossa idade. Nós temos um status pra honrar, nós temos um clube pra honrar.”
Le Jardin se assemelha a um filme do tipo “coming of age”, que mostra a importância do futebol como um braço da educação para a formação desses meninos que estão na fase que talvez seja a mais crucial na vida deles, a de um menino se transformando em homem.
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